Documento atribuído a Epstein é classificado como falso pelo governo
Departamento de Justiça afirmou que a carta escrita por Epstein mencionando Trump é falsa, investigação do FBI aponta inconsistências no documento
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos declarou nesta terça-feira (23) que uma carta que circulou entre documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, e que continha uma referência a Donald Trump, é falsa, após análise do FBI. O manuscrito, que teria sido supostamente enviado por Epstein ao também acusado de crimes sexuais Larry Nassar, estava entre cerca de 30 mil páginas de arquivos divulgados obrigatoriamente pelo governo americano sob a Epstein Files Transparency Act, mas não é autêntico, segundo as autoridades.
O que dizia o suposto documento
O documento circulado incluía uma anotação manuscrita que afirmava, sem qualquer comprovação, que “nosso presidente também compartilha nosso amor por garotas jovens e nubias”. A frase ganhou atenção nas redes e em reportagens por sua natureza sensacionalista e pela menção a Trump, que era presidente dos EUA no momento em que Epstein morreu em 2019. (O termo “núbil” costuma se referir a adolescentes cuja lei de uma sociedade considera estarem aptas a se casar. Ele pode também ser usado, de forma menos usual, como sinônimo de “atraente”).
A autenticidade da carta foi colocada em dúvida, já que o documento não consta nos registros oficiais do sistema prisional e não apresenta elementos formais comuns a correspondências enviadas por detentos. Por esse motivo, o conteúdo passou a ser tratado com cautela pelas autoridades e por investigadores que acompanham o caso.
Donald Trump ( Foto: reprodução / Tasos Katopodis /Getty Images Embed )
Divulgação dos arquivos e esclarecimento das autoridades
A publicação desse conjunto de documentos faz parte de um esforço legal para tornar públicos os arquivos relacionados ao caso Epstein, após aprovação de legislação que exige transparência sobre as investigações do governo. Mesmo assim, o Departamento de Justiça ressaltou que a divulgação compulsória de arquivos não torna automáticas a veracidade ou a credibilidade de todas as mensagens incluídas nesses lotes divulgados.
Em nota oficial, o governo afirmou que a carta foi revisada e considerada falsa, e que sua presença nos arquivos não significa que as alegações nela contidas sejam verdadeiras. O uso de documentos legalmente exigidos para divulgação pode incluir materiais que não tenham autenticidade comprovada.
Referências históricas e contexto mais amplo
A relação entre Trump e Epstein já foi objeto de investigação jornalística e política no passado, em parte por registros de interações sociais entre os dois nos anos 1990 e início dos anos 2000, e por viagens que constam em logs de voos do avião privado de Epstein na década de 1990. No entanto, não há acusações formais ou evidências legais ligando Trump a práticas criminosas de Epstein, e Trump negou qualquer envolvimento em atividades ilegais relacionadas ao caso.
Especialistas e advogados consultados durante a divulgação dos arquivos advertiram que, mesmo quando documentos são tornados públicos por exigência legal, é preciso cautela para separar alegações não verificadas ou falsificadas de informações que tenham respaldo em evidências verificáveis, algo que foi reiterado pelas autoridades ao classificar esta carta específica como inautêntica.
