Correios desistem de recorrer a empréstimo para ajustar finanças

Empresa não obteve autorização do Tesouro Nacional para obtenção do empréstimo de R$ 20 bilhões; taxa de juros era acima do limite de 120% do CDI

04 dez, 2025
Emmanoel Schmidt Rondon, presidente dos Correios | Reprodução/X/@CanalALMNews
Emmanoel Schmidt Rondon, presidente dos Correios | Reprodução/X/@CanalALMNews

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos desistiu da obtenção de um empréstimo estimado em R$ 20 bilhões para equilibrar as finanças da estatal. A decisão surpreendeu os bastidores de Brasília, que assistiam às movimentações para requerimento do valor desde outubro.

A medida era considerada como urgente para ajustar as fianças e recuperar a liquidez da empresa. Contudo, a rejeição do Tesouro Nacional, oriunda da alta taxa de juros, fez com que os Correios recuassem na ação.

Tesouro não autorizou

O Tesouro Nacional não autorizou o empréstimo devido à alta cobrança de juros por parte dos bancos envolvidos. A operação, que era coordenada pelas instituições Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra, cobrava juros exorbitantes de 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), acima do limite de 120% em operações de crédito com garantia da União de dez anos.

Com a reprovação, o Tesouro fica impossibilitado de fornecer as garantias da União, que cobririam uma eventual inadimplência da estatal e reduziriam praticamente a zero o risco para as instituições financeiras. Existe a possibilidade de Correios e bancos negociarem uma taxa com o teto de 120% no CDI. Também existe a possibilidade do Tesouro Nacional fornecer um aporte parcial para cobrir os prejuízos da companhia.


Explicação sobre a recusa do Tesouro Nacional para empréstimo dos Correios (Vídeo: reprodução/YouTube/Jovem Pan News)


Comunicado da empresa

Em nota emitida aos empregados da companhia na última quarta-feira (03), os Correios afirmam que estão trabalhando para assegurar as melhores condições para a empresa, visando liquidez imediata e metas que se adequem ao Plano de Reestruturação.

A empresa também garante que “cada passo está sendo conduzido com responsabilidade, estratégia e foco no futuro da empresa”.

Hadadd se pronuncia

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve presente nesta quinta-feira (04) em uma coletiva de imprensa juntamente com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Na ocasião, houve a assinatura do acordo de cooperação sobre vício em apostas esportivas.

Haddad ressaltou que a empresa estatal somente receberá recurso financeiro do governo se apresentar um plano de recuperação ou reestruturação. Segundo o ministro, o Tesouro Nacional avalia diversas alternativas para socorrer a empresa: “Não vamos fazer um aporte sem o plano de recuperação aprovado. Nem empréstimo, nem apoio, nem aval”, afirmou.

Os Correios acumulam um rombo de R$ 6,05 bilhões de janeiro a setembro e a empresa encerrou o terceiro trimestre de 2025 com prejuízo de R$ 1,7 bilhão. Entre as causas da crise, estão perda de competitividade, aumento de despesas, derrotas judiciais e problemas de gestão.

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