Paramount faz oferta pela Warner Bros e desafia Netflix

Paramount disputa a Warner ao fazer oferta hostil de US$ 108 bi, supera proposta da Netflix e intensifica a corrida pelo controle do estúdio

08 dez, 2025
Logo de Paramount e Warner Bros | Reprodução/Cheng Xin/Getty Images Embed
Logo de Paramount e Warner Bros | Reprodução/Cheng Xin/Getty Images Embed

A disputa pelo controle da Warner Bros. ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (8). A Paramount apresentou uma oferta hostil de US$ 108,4 bilhões e desafiou diretamente o acordo da Netflix, que havia anunciado na última sexta-feira (5) a compra do estúdio por US$ 83 bilhões. O movimento ampliou a tensão no mercado e colocou em xeque a negociação da gigante do streaming.

Paramount eleva pressão sobre a negociação

A proposta da Paramount surpreendeu o setor porque chegou de maneira hostil. Em vez de buscar apoio da diretoria da Warner Bros. Discovery, a empresa decidiu se dirigir diretamente aos acionistas e oferecer um valor mais alto para assumir o controle. Embora já tivesse feito tentativas desde setembro, todas haviam sido rejeitadas.

Dessa vez, porém, a estratégia mudou. A Paramount afirmou que sua oferta é totalmente em dinheiro e avalia a companhia em US$ 108,4 bilhões, incluindo a assunção de dívidas. O valor patrimonial oferecido, de US$ 77,9 bilhões, supera com folga a estrutura financeira apresentada pela Netflix.

A rival propôs um acordo que, segundo a Paramount, possui “uma estrutura volátil e complexa”, baseada em US$ 23,25 em dinheiro e US$ 4,50 em ações — combinação que dependeria do desempenho da plataforma no mercado.

Além disso, a Paramount argumenta que seu acordo poderia ser concluído em até 12 meses, prazo menor que os 12 a 18 meses estimados pela Netflix.


Anúncio do teaser de Supergirl, ainda nesta semana, um dos longas mais aguardados da Warner Bros. Discovery (Vídeo: reprodução/Instagram/@supergirl)


Impacto imediato em Hollywood

O anúncio da compra da Warner Bros. pela Netflix, na semana passada, já havia provocado forte reação na indústria. Diversos sindicatos alertaram para riscos de demissões em massa e de uma possível redução de salários. Ao mesmo tempo, concorrentes demonstraram preocupação com a ameaça ao equilíbrio competitivo no streaming, que já passa por um momento turbulento.

Cineastas, por sua vez, temem que a Netflix reduza ainda mais o número de estreias nos cinemas. A percepção entre diretores é que a plataforma tende a priorizar lançamentos diretos no streaming, prejudicando a experiência nas salas e diminuindo a diversidade de produções em circuitos tradicionais.

Nesse cenário, a entrada da Paramount criou uma nova camada de complexidade. Como sua proposta envolve financiamento integralmente assegurado e um pacote robusto de dívidas estruturado por Bank of America, Citi e Apollo, a empresa busca se posicionar como opção mais segura e estável para os acionistas da Warner.

Paramount mira apoio dos acionistas

O estúdio defende que a oferta da Netflix subavalia significativamente os ativos da Warner Bros. Discovery. No documento divulgado nesta segunda-feira (8), a Paramount afirma que o acordo da rival pode ainda enfrentar resistência direta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que teria demonstrado preocupação com a possibilidade de uma plataforma de streaming assumir o controle de um dos maiores conglomerados de mídia do país.

Segundo a Paramount, sua proposta garante “cerca de 18 bilhões de dólares a mais em pagamento direto aos acionistas” em comparação ao pacote da Netflix. A companhia também reforça que levar a decisão aos investidores, sem intermediação da diretoria, permite que eles “ajam de acordo com seus próprios interesses”.

O financiamento da oferta conta com o apoio financeiro da família Ellison, da RedBird Capital e de um pacote adicional de US$ 54 bilhões estruturado por instituições financeiras globais. A Paramount considera que essa base sólida aumenta a viabilidade do negócio e reduz incertezas regulatórias.

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